quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Nietzsche - O novo Ídolo "Assim falava Zaratustra"

No título "O novo Ídolo", em "Assim falava Zaratustra", Nietzsche aborda o papel crítico do Estado, esse ente criado pelas organizações políticas ao longo do tempo e que representam um povo e uma soberania.

Estado, chamo eu, o lugar onde todos, bons ou malvados, são bebedores de veneno; Estado, o lugar onde todos, bons ou malvados, se perdem a si mesmos; Estado, o lugar onde o lento suicídio de todos chama-se – “vida”!

Olhai esses supérfluos! Roubam para si as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; “culturas” chamam a seus furtos – e tudo se torna, neles, em doença e adversidade!

Olhai esses supérfluos! Estão sempre enfermos, vomitam fel e lhe chamam “jornal”. Devoram-se uns aos outros e não podem, sequer digerir-se.

Olhai esses supérfluos! Adquirem riquezas e, com elas, tornam-se mais pobres. Querem o poder e, para começar, a alavanca do poder, muito dinheiro – esses indigentes!

Olhai como sobem trepando, esses ágeis macacos! Sobem trepando uns por cima dos outros e atirando-se mutuamente, assim no lodo e no abismo.

Ao trono, querem todos, subir: é essa a sua loucura. Como se no trono estivesse sentada a felicidade! Muitas vezes, é o lodo que está no trono e, muitas vezes, também o trono no lodo.

Dementes, são todos eles, para mim, e macacos sobre excitados. Mau cheiro exala o seu ídolo, o monstro frio; mau cheiro exalam todos eles, esses servidores de ídolos!

Porventura, meus irmãos, quereis sufocar nas exalações de seus focinhos e de suas cobiças? Quebrai, de preferência, os vidros das janelas e pulai para o ar livre!

Fugi do mau cheiro! Fugi da idolatria dos supérfluos!
Fugi do mau cheiro! Fugi da fumaça desses sacrifícios humanos!

Também agora, ainda a terra está livre para as grandes almas. Vazios estão ainda para a solidão a um ou a dois, muitos sítios, em torno dos quais bafeja o cheiro de mares calmos.

Ainda está livre, para as grandes almas, uma vida livre. Na verdade, quem pouco possui, tanto menos pode tornar-se possuído. Louvado seja a pequena pobreza!

Onde cessa o Estado, somente ali começa o homem que não é supérfluo – ali começa o canto do necessário, essa melodia única e insubstituível.

Onde o Estado cessa – olhai para ali, meus irmãos! Não vedes o arco-íris e as pontes do super-homem?

Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de outubro de 1844 — Weimar, 25 de agosto de 1900) foi um filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor alemão do século XIX.[1] Ele escreveu vários textos críticos sobre a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciência, exibindo uma predileção por metáfora, ironia e aforismo.

Suas ideias-chave incluíam a crítica à dicotomia apolíneo/dionisíaca, o perspectivismo, a vontade de poder, a "morte de Deus", o Übermensch (Além-Homem, ver: Novo Homem) e eterno retorno. Sua filosofia central é a ideia de "afirmação da vida", que envolve questionamento de qualquer doutrina que drene uma expansiva de energias, não importando o quão socialmente predominantes essas ideias poderiam ser.[2] Seu questionamento radical do valor e da objetividade da verdade tem sido o foco de extenso comentário e sua influência continua a ser substancial, especialmente na tradição filosófica continental compreendendo existencialismo, pós-modernismo e pós-estruturalismo. Suas ideias de superação individual e transcendência além da estrutura e contexto tiveram um impacto profundo sobre pensadores do final do século XIX e início do século XX, que usaram estes conceitos como pontos de partida para o desenvolvimento de suas filosofias.[3][4] Mais recentemente, as reflexões de Nietzsche foram recebidas em várias abordagens filosóficas que se movem além do humanismo, por exemplo, o transumanismo.

Nietzsche começou sua carreira como filólogo clássico — um estudioso da crítica textual grega e romana — antes de se voltar para a filosofia. Em 1869, aos vinte e quatro anos, foi nomeado para a cadeira de Filologia Clássica na Universidade de Basileia, a pessoa mais jovem a ter alcançado esta posição.[5] Em 1889, com quarenta e quatro anos de idade, sofreu um colapso e uma perda completa de suas faculdades mentais. A composição foi posteriormente atribuída a paresia geral atípica devido a sífilis terciária, mas este diagnóstico vem entrado em questão.[6] Nietzsche viveu seus últimos anos sob os cuidados de sua mãe até a morte dela em 1897, depois ele caiu sob os cuidados de sua irmã, Elisabeth Förster-Nietzsche até a sua morte em 1900.

Como sua cuidadora, sua irmã assumiu o papel de curadora e editora de seus manuscritos. Förster-Nietzsche era casada com um proeminente nacionalista e antissemita alemão, Bernhard Förster, e retrabalhou escritos inéditos de Nietzsche para se adequar a ideologia de seu marido, muitas vezes de maneiras contrárias às suas opiniões expressas, que estavam fortemente e explicitamente opostas ao antissemitismo e nacionalismo. Através de edições de Förster-Nietzsche, o nome de Friedrich tornou-se associado com o militarismo alemão e o nazismo, mas estudiosos posteriores do século XX vêm tentando neutralizar esse equívoco de suas ideias.

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Friedrich Nietzsche
pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche

Friedrich Nietzsche:  Assim Falava Zaratustra.
www.psb40.org.br/bib/b18.pdf

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Assim falava Zaratustra "Friedrich Nietzsche"

Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para ninguém (em alemão: Also sprach Zarathustra:

Ein Buch für Alle und Keinen) é um livro escrito entre 1883 e 1885 pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que influenciou significativamente o mundo moderno. O livro foi escrito originalmente como três volumes separados em um período de vários anos. Depois, Nietzsche decidiu escrever outros três volumes mas apenas conseguiu terminar um, elevando o número total de volumes para quatro. Após a morte de Nietzsche, ele foi impresso em um único volume.

O livro narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se autonomeou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo na antiga Pérsia. Para explorar muitas das ideias de Nietzsche, o livro usa uma forma poética e fictícia, frequentemente satirizando o Velho e Novo Testamento

O centro de Zaratustra é a noção de que os seres humanos são uma forma transicional entre macacos e o que Nietzsche chamou de Übermensch, literalmente "além-do-homem", normalmente traduzido como "super-homem".[1] O nome é um dos muitos trocadilhos no livro e se refere mais claramente à imagem do Sol vindo além do horizonte ao amanhecer como a simples noção de vitória.[carece de fontes]

Amplamente baseado em episódios, as histórias em Zaratustra podem ser lidas em qualquer ordem. Zaratustra contém a famosa frase Gott ist tot ("Deus está morto"), embora essa também tenha aparecido anteriormente no livro Die fröhliche Wissenschaft (A Gaia Ciência) de Nietszche, e antes ainda em diversas obras de Georg Hegel.

Os dois volumes finais não terminados do livro foram planejados para retratar o trabalho missionário de Zaratustra e sua morte.

Wikipédia, a enciclopédia livre.

Assim Falava Zaratustra pdf
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Assim falava Zaratustra: Friedrich Nietzsche
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Quem foi Zaratustra: pt.wikipedia.org/wiki/Zaratustra

Humano, Demasiado Humano

Humano, demasiado humano, um livro para espíritos livres ('Menschliches, Allzumenschliches'),
foi a primeira obra de Friedrich Nietzsche após o rompimento com o romantismo de Richard Wagner e o pessimismo de Arthur Schopenhauer .

Não foi bem aceito pela crítica da época, o que o fez vender apenas 120 cópias no primeiro ano da publicação.

Trata-se de uma obra em aforismos, com índice remissivo. Incipiente as ideias que seriam refinadas em suas obras posteriores e fundamental para aquele que quer entender a evolução do legado nietzscheano.

Fora publicada em 1878, ano do centenário da morte de Voltaire, a quem foi dedicado, também cita no livro de forma positiva Homero, Schopenhauer (com ressalvas) e Goethe.

Na obra o autor mergulha na Filosofia e na Epistemologia implodindo as realidades eternas e as verdades absolutas e nos alerta para a inocuidade da metafísica no futuro. Busca registrar o conceito de espírito livre, isto é, aquele que pensa de forma diferente do que se espera dele: o homem do futuro.

Nietzsche sacode a humanidade nesse livro-resumo da história da Filosofia e do nascimento da Ciência, que não cumpriram seus papéis de criarem espíritos verdadeiramente livres, e que o homem precisa descobrir-se como Humano, Demasiado Humano.

Citações do livro

"Toda crença no valor e na dignidade da vida se baseia num pensar inexato; (...) porque cada um quer e afirma somente a si mesmo"

"Raramente se engana quando se liga o exagerado a vaidade, o medíocre ao costume e o mesquinho ao medo"

"Do mundo metafísico, absolutamente nada se poderia dizer senão que é um ser-outro, um ser-outro inacessível e incompreensível para nós; seria uma coisa com atributos negativos."

"Quanto menos os homens estiverem condicionados pela origem, tanto maior será o movimento interior de seus motivos, tanto maior por sua vez, em decorrência, a agitação exterior, o envolvimento dos homens entre si, a polifonia de seus esforços."

"Desde que acabou a crença de que um Deus dirigiria os destinos do mundo em seu conjunto e, apesar de todas as curvas do caminho seguido pela humanidade, os conduziria como senhor a bom termo, são os próprios homens que devem propor-se a fins ecumênicos que abrangem toda a terra."

"Na conversa da sociedade, três quartos das perguntas feitas e das respostas dadas são para magoar um pouco o interlocutor; é por isso que muita gente tem sede da sociedade: ela confere a todos o sentimento de sua força"

"Não é uma questão frívola perguntar se Platão, caso tivesse permanecido indiferente ao fascínio socrático, não teria encontrado um tipo mais elevado de humanidade filosófica, tipo que para nós se perdeu para sempre?"

"As mulheres podem se tornar facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física".

"Qual é amarra mais firme? Quais as cordas que são quase impossíveis de romper? Entre os homens de uma qualidade elevada e seleta serão os deveres: esse respeito, como convém à juventude, essa timidez e delicadeza diante de tudo o que é venerado há muito e digno, o reconhecimento pelo solo em que cresceu, pela mão que guiou, pelo santuário em que aprendeu a orar".

"O trágico na vida de grandes homens está, freqüentemente, não no seu conflito com a época e a baixeza de seus semalhantes, mas na sua incapacidade de adiar por um ou dois anos a sua obra".
"O hipócrita que representa sempre o mesmo papel deixa enfim de ser hipócrita".

"Toda moral admite ações intencionalmente prejudiciais em caso de legitima defesa".

"Não se pode inverter todos os valores? E o bem é talvez o mal? E Deus nada mais é que uma invenção e uma astúcia do diabo? Talvez em última análise, tudo esteja errado? E se nós nos enganamos, não somos por isso mesmo também enganadores? Não temos de ser igualmente enganadores? - Esses pensamentos que o guiam e que o extraviam, sempre mais avante, sempre mais longe. A solidão o cerca e o envolve, sempre mais ameaçadora, mais estranguladora, mais pungente. Essa temível deusa e mater saeva cupidinum (mãe cruel das paixões) – mas quem sabe hoje o que é a solidão?..."

"Tudo evolui; não há realidades eternas: tal como não há verdades absolutas".

"A gente sóbria e industriosa, em que a religião está bordada como um laurel da humanidade superior: essa gente faz muito bem em continuar religiosa, isso a embeleza. Todos os homens que não entendem o ofício das armas – incluindo entre as armas a boca e a caneta – tornam-se servis: para esses. A religião cristã é muito útil, pois o servilismo toma então o aspecto de uma virtude cristã e fica estonteantemente embelezado. Pessoas, para quem sua vida cotidiana parece demasiado vazia e monótona, tornam-se facilmente religiosas: isto é compreensível e perdoável".

"Se o cristianismo tivesse razão com suas teses do Deus vingador, da propensão universal ao pecado, da predestinação pela graça e do perigo de uma condenação eterna, seria um sinal de fraqueza de espírito e falta de caráter não se fazer padre, apóstolo ou missionário e não trabalhar com o temor e tremor exclusivamente para sua própria salvação; seria absurdo perder assim de vista a vantagem eterna em troca da comodidade temporária. Supondo que tenha fé, o cristão de todos os dias é uma figura lamentável, um homem que realmente não sabe contar até três e que, de resto, justamente por causa de sua incapacidade mental de calcular, não mereceria ser castigado tão duramente como lhe promete o cristianismo".

"Enquanto um indivíduo reconhecer os pontos fortes e fracos de sua teoria, de sua arte, de sua religião, sua força ainda é escassa. O discípulo e o apóstolo que não tem olhos para a fraqueza da teoria, da religião e assim por diante, ofuscado pelo prestígio de seu mestre e por sua devoção para com ele, tem, por isso, habitualmente mais poder que o mestre. Sem os discípulos cegos, a influência de um homem e de sua obra nunca conseguiu ainda se difundir. Muitas vezes, ajudar no triunfo de uma idéia significa apenas associá-la tão fraternalmente com a estupidez, que o peso da última se torna também obrigatória a vitória da primeira".

"Não há amor e bondade suficientes no mundo, para que ainda se possa oferecê-los a seres imaginários".

"Todo hábito tece em torno de nós uma teia sempre mais sólida de fios de aranha; e logo percebemos que os fios se tornaram lagos e que nós mesmos ocupamos o centro, como uma aranha que se prendeu a si e que deve viver de seu próprio sangue. É por isso que o espírito livre odeia todos os hábitos e regras, todo o duradouro, o definitivo, é por isso que recomeça sempre, com dor, a romper em torno dele a teia: embora deva sofrer em conseqüência de muitos ferimentos, pequenos e grandes – pois é dele próprio, de seu corpo, de sua alma, que deve arrancar esses fios. Deve aprender a amar onde odiava e vice-versa. Não deve até mesmo ser impossível para ele semear os dentes do dragão no campo onde recentemente fazia correr os chifres da abundância. Disso se pode concluir se ele é feito para a felicidade do casamento".

"Viver perto demais de um homem é a mesma coisa que retomássemos sempre uma bela gravura com os dedos nus: um belo dia teremos nas mãos um péssimo papel sujo e nada mais. A alma de um homem se desgasta também por um contato contínuo; pelo menos é o que nos acaba por parecer – nunca mais haveremos de rever sua figura e suas belezas originais. Sempre se perde no relacionamento demasiadamente íntimo com mulheres e amigos: e nisso se perde às vezes a pérola da própria vida".

"O espírito livre respirará sempre. Desde que finalmente se resolver a sacudir essa solicitude e essa vigilância maternas com as quais as mulheres o cercam. O que não pode causar uma corrente de um ar um pouco rude, que era afastada tão ansiosamente dele, o que significa uma vantagem real, uma perda, um acidente, uma doença, uma dívida, uma sedução a mais ou a menos em sua vida, comparados com a falta de liberdade do berço de ouro, dessa exibição pavão de cauda aberta e do sentimento penoso de dever ainda ser grato para ser vigiado e mimado como uma criança de peito? É por isso que o leite que a solicitude maternal das mulheres de seu meio lhe dão pode tão facilmente se transformar em fel".

"Os espíritos livres viverão com mulheres? Em geral acredito que, como os pássaros verídicos da antiguidade, sendo aqueles que pensam e dizer a verdade do presente, preferirão voar sozinhos".
"Sócrates encontrou uma mulher de que realmente precisava – mas ele próprio não a teria procurado nunca, se a tivesse conhecido bastante; o heroísmo desse espírito livre não teria ido de qualquer forma tão longe. O fato é que Xantipa o impeliu sempre mais em sua missão pessoal, tornando-lhe a casa e o lar inabitáveis e inospitaleiros: ela ensinou a viver nas ruas e em toda parte onde se pudesse conversar e ficar na ociosidade e fez dele o maior dialético das ruas de Atenas; ele teve finalmente de se comparar com um cabresto que um deus havia colocado no belo cavalo Antenas para não deixá-lo jamais em paz".

"Opinião publica – preguiças privadas".

" Uma convicção é a crença de estar, num ponto qualquer do conhecimento de posse da verdade absoluta.
Essa crença supõe, portanto, que há verdades absolutas; ao mesmo tempo que foram encontrados os métodos perfeitos para chegar a isso; finalmente, que todo o homem que tem convicções aplica esses métodos perfeitos.
Essas três condições mostram logo a seguir que o homem das convicções não é um homem do pensamento científico; ele está diante de nós na idade da inocência teórica, é uma criança, qualquer que seja o seu porte.
Mas séculos inteiros viveram nessas idéias pueris que jorraram as mais poderosas fontes de energia da humanidade. Esses homens inumeráveis que se sacrificavam por suas convicções acreditavam fazê-lo pela verdade absoluta.
(...)
Não foi a luta de opiniões que tornou a história tão violenta, mas a luta da fé nas opiniões, isto é, nas convicções.
Se no entanto, todos aqueles que faziam de sua convicção uma idéia tão grande, que lhe ofereceriam sacrifícios de toda a espécie e não poupavam a metade de sua força para procurar por qual direito se ligavam a essa convicção antes que a essa outra, por cujo caminho tinham chegado que aspecto pacífico teria tomado a história da humanidade!
Como teria sido muito maior o número de conhecimentos! Todas essas cenas cruéis que a perseguição dos herdeiros em todos os tipos oferece nos teriam sido poupadas por duas razões: em primeiro lugar, porque os inquisidores teriam dirigido antes de tudo sua inquisição para eles mesmos e com ela teriam terminado com a pretensão de defender a verdade absoluta; em segundo lugar, porque os próprios partidários de princípios tão mal fundados como são os princípios de todos os sectários e todos os “crentes no direito”, teriam cessado de compartilhá-los depois de tê-los estudado".

"As convicções são inimigas da verdade mais perigosas que a mentira".

"Vivemos num tempo em que civilização periga morrer por meio da civilização".

"Ninguém mais morre hoje de verdades mortais, há antídotos em demasia".

"A exigência de ser amado é a maior das pretensões".

"Um mantém sua opinião, porque imagina que chegou a ela por si mesmo, o outro porque a aprendeu com dificuldade e está orgulhoso por ter conseguido compreendê-la: ambos, em decorrência, por vaidade".

"Educação artística do público. Quando o mesmo motivo não é tratado de cem maneiras distintas por mestres diversos, o público não aprende a ultrapassar o interesse pelo conteúdo; mas por fim ele mesmo capta e desfruta de nuances, e as novas e delicadas inveções no tratamento desse motivo, ou seja, quando há muito conhece o motivo através de numerosas elaborações e não mais experimenta o fascínio da novidade, da curiosidade".

"Enobrecimento pela degeneração.[...] um povo que em algum ponto se torna quebrando e enfraquecido, mas que no todo é ainda forte e saúdadvel, pode receber a infecção de novo, e incorpora-lá como benefício. No caso do individúo, a tarefa educação é a seguinte: torná-lo tão firme e seguro que , como um todo, ele já não possa ser desviado de sua rota. Mas então o educador deve causar-lhe ferimentos, ou utilizar os que lhe produz o destino, e quando a dor e a necessidade tiverem assim aparecido, então algo novo e nobre poderá ser inoculado nos pontos feridos. Toda sua natureza acolherá em si mesma e depois, nos seus frutos fará ver o enobrecimento [...]".

"Educação milagrosa. O interesse pela educação só ganhará força a partir do momento em que se abandone a crença num Deus e em sua providência exatamente como a arte mêdica só pôde florescer quando acabou a crença em curas milagrosas. Mas até agora todos crêem ainda na educação milagrosa: viram que os homens mais fecundos, mais poderosos se originaram em meio a grande desordem, objetivos confusos, condições desfavoráveis; como poderia isto suceder normalmente?".

"A civilização grega do tempo clássico é uma civilização de homens. Quanto às mulheres, Pérides, em seu dis­curso fúnebre, diz tudo com as palavras: O melhor delas é quando entre homens se fala delas o menos possível. - A relação erótica dos homens com os jovens era, em um grau inacessível ao nosso entendimento, o pres­ suposto necessário, único, de toda educação viril (mais ou menos como, por muito tempo, toda educação superior das mulheres, entre nós, só era trazida através do noivado e casamento); todo idealismo da força da na­tureza grega investia-se nessa relação, e provavelmente os jovens nunca mais foram tratados tão amorosamente, tão inteiramente em vista de seu melhor (virtus), como no sexto e no quinto século - portanto, conforme a bela sentença de Hölderlin: 'Pois amando o mortal dá o melhor'".

Die griechische Cultur der classischen Zeit ist eine Cultur der Männer. Was die Frauen anlangt, so sagt Perikles in der Grabrede Alles mit den Worten: sie seien am besten, wenn unter Männern so wenig als möglich von ihnen gesprochen werde. – Die erotische Beziehung der Männer zu den Jünglingen war in einem, unserem Verständniss unzugänglichen Grade die nothwendige, einzige Voraussetzung aller männlichen Erziehung (ungefähr wie lange Zeit alle höhere Erziehung der Frauen bei uns erst durch die Liebschaft und Ehe herbeigeführt wurde), aller Idealismus der Kraft der griechischen Natur warf sich auf jenes Verhältniss, und wahrscheinlich sind junge Leute niemals wieder so aufmerksam, so liebevoll, so durchaus in Hinsicht auf ihr Bestes (virtus) behandelt worden, wie im sechsten und fünften Jahrhundert, – also gemäss dem schönen Spruche Hölderlin's "denn liebend giebt der Sterbliche vom Besten".

Documental Humano, Demasiado Humano Friedrich Nietzsche hd
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Humano, Demasiado Humano pdf
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Verdade E Mentira No Sentido Extramoral

Verdade e mentira no sentido extramoral: é uma analise de Nietzsche sobre a função que desenvolve o intelecto no conjunto do mundo e se considera a mentira e a verdade à margem da moral, não como algo bom ou mau.

Parte-se de uma postura da afirmação da vida desde um ponto de vista individual com as percepções, intuições e perspetivas da cada um. Considera-se à linguagem, ao conceito e à ciência como impedimentos para estabelecer ao homem o contato direto com a realidade. O homem tem que amar a vida, e por tanto fugir de todo o que a destrua.

O problema do conhecimento ou intelecto:

É fruto da mentira do homem, porque cheia de vaidade a quem põe-no em exercício, embora o homem usa-o para poder viver e manter no mundo. Nietzsche espera que em algum dia acabe e que quando chegue esse momento ninguém se lembre do que ocorreu antes. Compara com um filósofo a utilização do conhecimento e afirma que se orgulha se “os olhos do universo estão dirigidos telescópicamente a suas obras e a seus pensamentos”. Segundo o autor, o intelecto é utilizado para que faça mais llevadera a existência, isto é, estar ao serviço da vontade de viver inclusive utilizando mentiras...

Também afirma que o intelecto não serve para conhecer a verdadeira realidade das coisas “Enquanto o homem, guiado por conceitos e abstrações unicamente com estas ações previne a desgraça, mas não obtém a felicidade”.

Em conclusão o conhecimento para o homem é um impedimento porque pára Nietzsche o homem tem que estar guiado pela intuição sem mais complicações que a de viver a vida tal e como é.

Pensamento de Nietzsche:

A filosofia de Nietzsche oculta-se por trás de uma linguagem cheia de imagens, de brocardos, sem uma sequência progressiva de idéias. Ao longo dos períodos há um núcleo comum: a recuperação da vida como valor essencial e o investimento dos falsos valores que a afogam. Período romântico. Filosofia da noite: centrado no estudo do pensamento grego, está marcado por Schopenhauer e Wagner. Destacam idéias como: 1. no fenômeno do trágico descobre-se a verdadeira natureza da realidade; 2. corresponde à arte e à tragédia conhecer a essência trágica do mundo; 3. a vida é uma antítese entre o infinito e o finito (contraposição entre o apolíneo e o dionisiaco); 4. Sócrates encarna a oposição à visão trágica do mundo, representando o domínio da razão, em frente ao trágico da vida. Período positivista. Filosofia da manhã: predomina a influência de Voltaire e dos ilustrados franceses. Nietzsche aceita a rejeição positivista da religião e a metafísica, substituídos pela ciência. Rasgos principais: 1. o uso do método histórico para criticar os supostos metafísicos no desenvolvimento do conhecimento; 2. a crítica da cultura ocidental desvela que a moral e a religião são formas que o homem colocou sobre si mesmo e que lhe esclavizan fazendo com que se esqueça do humano. Período da mensagem de Zaratustra. Filosofia do meio dia: nele se formulam suas idéias principais. Em Assim “falou Zaratustra” há: 1. um prólogo que descreve ao super-homem e ao último homem; 2. a 1ª parte propõe a morte de deus; 3. a 2ª a idéia da vontade de poder; 4. e a 3ª a idéia da eterna volta. Período crítico. Filosofia do entardecer: idéias: 1. é preciso destruir ao último homem, para que surja o super-homem; 2. para eles é necessária a destruição da filosofia, a religião e a moral da tradição ocidental; 3. por trás de todos os valores está a vida como seu fundamento último. A idéia como vontade: em seu 1ª obra descobre-se a vida como natureza última de toda realidade. A vida é o que se ama mais profundamente, mas também o que não pode ser definido. Seguindo a Schopenhauer considera que a vida é vontade de poder, força criadora. Para Schopenhauer é a consciência a que nos descobre a dor de viver; na arte o homem cria um mundo aparente de beleza no que a vontade de viver se esquece da luta pela existência. Através da vida ascética o homem renuncia a todos seus desejos evitando assim a dor da decepção. Nietzsche, pelo contrário, exalta a vida buscando libertar da opressão da cultura. Mas é também um jogo trágico no que se enfrentam vida e morte. Sua filosofia é vitalista na medida em que proclama a alegria de viver, mas aceitar a vida é assumir em seu caráter trágico. Filología e filosofia: como a vida é ininteligible em si mesma se propõe analisar as expressões linguísticas como símbolos depois dos quais se oculta o inconsciente, o não comunicable, a realidade vital. A linguagem como sintoma da vida: a linguagem converte-se no ponto de partida da reflexão filosófica. A linguagem condiciona nossa maneira de pensar, sentir e viver. Não pode expressar as coisas, senão nosso relacionamento com elas, depende por tanto de nossa vontade. Arte e realidade: o apolíneo e o dionisiaco: a arte e a poesia são o médio através do qual aprendehemos a essência originária e profunda do mundo. A cultura grega assumia o caráter inexplicable e trágico da vida humana, mas entregava-se a uma transformação do mundo e a vida através da arte. O espírito dionisiaco representa a desmesura, a embriaguez mística e a anulação da consciência pessoal, a vida que se transborda rompendo as barreiras e limitações; o espírito apolíneo representa a razão, a medida, o equilíbrio e a individualidad. A luta entre ambos representa um “jogo trágico”. Evolução da tragédia grega: expressa a antítese entre o infinito e o ser finito. A grandeza desta tragédia é haver captado a síntese criadora das duas forças. Sófocles e Esquilo são a culminação da arte trágica, e Sócrates o começo da decadência do espírito grego presente aos filósofos presocráticos. Na filosofia socrática rompe-se o equilíbrio entra as forças. Sobre esta separação levanta-se a cultura ocidental: a filosofia, a religião e a moral. Nietzsche chama a esta perda do sentido da vida nihilismo, que é um veneno mortal para a humanidade que exalta a debilidade humana e entroniza o falhanço do homem. Crítica à filosofia: a identificação entre a razão, virtude e felicidade oculta a rejeição aos sentidos. Nietzsche quer desenmascarar este idealismo e demonstrar que só o devir é. Não há um mundo real diferente do que experimentamos pelos sentidos. O triunfo é o domínio da consciência em frente à intuição. No entanto, o sujeito não é identidade, senão pluralidade e máscara. A forma básica do conhecimento é a intuição mediante a que captamos, a vida. Esta confusão entre o último e o 1º faz da metafísica um mundo vazio. Crítica aos conceitos metafísicos: a ficção da metafísica monoteísta apoia-se na linguagem, já que fabrica as coisas, inventa-as. Faz-nos/Fá-nos abandonar a mudança e empurra-nos à permanência. Não existe um conjunto de conceitos universais para aprendeher a realidade, os conceitos não estão antes que as palavras, senão que derivam delas. As palavras são metáforas que expressam não as coisas, senão as intuições originárias que temos das coisas. Quando as palavras se transformam em conceitos, se abandonam as diferenças individuais para servir de instrumento de comunicação. 2º falseamiento: se a palavra falsea a intuição, o conceito falsea a palavra. O erro da filosofia é ter-se esquecido das intuições como a origem dos conceitos e aceitar que os conceitos são os que designa a realidade. Esse esquecimento é o fundamento da metafísica, que considera o abstrato como real e verdadeiro. Todo conhecimento é relativo, é perspectivismo. Crítica à ciência: sua crítica dirige-se contra o mecanicismo das ciências positivas. A ciência matematiza a realidade, mas é incapaz de conhecer a singularidade da cada uma. Crítica à moral cristã: desenvolve sua crítica em duas obras: “Para além do bem e do mau”, “Genealogia da moral”. Sua análise situa-se descobrindo os instintos desde os que brotam os conceitos morais a partir de sua genealogia. O método genealógico estuda como surgiram os conceitos morais e como se impuseram como valores aceitados a partir da força do grupo social que os propõe. Em um momento em que as circunstâncias históricas distinguem entre povos dominadores e dominados, a virtude era equivalente à força. Produz-se o investimento dos valores. Faz uma distinção entre: 1. a moral dos senhores é a moral ativa que implanta os valores. Só os poderosos buscam sua vontade de poder acima de tudo, sem esperar uma compensação para além da vida terrenal; 2. a moral dos escravos é passiva, não cria os valores, senão que os encontra ante sim. Seus valores morais são expressão das necessidades do rebanho. Nietzsche contempla a história da cultura ocidental como um triunfo dos valorize plebeus, o triunfo da moral cristã. Esta moral deve ser recusada, pois conduz à degradação da vida humana. O judaísmo e o cristianismo completam o investimento de valores do platonismo. Nietzsche recusa esta moral que constitui uma negação da vida. Se Deus converteu-se no argumento contra a vida, a negação de Deus trará a afirmação da vida e o aparecimento de um homem superior, que abandone a moral do ressentimento e acha seus próprios valores. A morte de Deus: a morte de Deus significa uma crítica radical da religião, a moral e a metafísica sobre as que se levantou a civilização ocidental. O processo da morte de Deus tinha-se iniciado com a Renascença e continuado com a Ilustração. Nietzsche critica que o ataque ilustrado se dirigiu contra os dogmas teológicos mas manteve o mesmo sistema moral. Com a morte de Deus monoteísta acaba o dogmatismo. Começa então um ressurgimento dos antigos deuses do politeísmo. O nihilismo abre caminho a uma nova visão da realidade e do homem. Em frente ao pensamento único o perspectivismo reconhece a multipilicidad de interpretações fazendo possível a liberdade do ser humano. A morte de Deus permite que afloren as energias criadoras do homem. A vontade de poder e o super-homem: a morte de Deus precipitou ao homem ao nihilismo, na nada. A superação do nihilismo e a criação de novos valores que dêem sentido à vida precisam uma transvaloración dos antigos. Esta tarefa é própria da vontade de poder que dará local ao super-homem. Trata-se de mudar a maneira de ver para chegar a uma nova forma de sentir, devolvendo ao homem o valor de seus instintos naturais. Em Assim “falou Zaratustra” apresenta ao criador do maniqueísmo como porta-voz da morte de Deus e o profeta do super-homem. A chegada deste super-homem atravessa 3 metamorfosis do espírito: 1. o camelo simboliza aos que se contentam com obedecer cegamente; 2. o camelo transforma-se em leão que simboliza ao nihilista que recusa os valores tradicionais e cria as condições para a produção do super-homem; 3. o leão transforma-se em menino, que é capaz de atuar por instintos, sem ter em conta as consequências. Só é capaz de viver a vida como algo novo e atual, só ele poderia ser o super-homem. O super-homem dará um novo sentido à realidade encarnando a Dionisos. Renúncia aos sonhos ultramundanos e volta à Terra. Seu moral terá uma absoluta autonomia moral para além do bem e o mau. Sua liberdade situa-lhe acima de qualquer adoctrinamiento. Não crerá na igualdade, senão nas hierarquias e na inalienable diferença que existe entre os homens. A idéia do super-homem não é o anúncio de uma realidade inexorável, senão uma meta para a vontade. Zaratustra também é o profeta da eterna volta. O significado disto nos enfrenta com o problema do tempo. A doutrina da eterna volta é a tentativa suprema de absotulizar o devir como o “ser”. É um “voltar de novo a seu próprio eu para viver uma vida idêntica, em seus mais importantes e em seus mais nimios acontecimentos”. A idéia de uma cíclica volta parece contradizer a idéia do super-homem. Este aceita a vida como devir, como eterna repetição, sem criar um ser que transcenda ao universo. A idéia do eterno rertorno é a consequência da vontade de poder que aceita a vida com todas suas consequências.

Contexto histórico, sociopolítico, filosófico e cultural

A revolução industrial e as mudanças sociais que desenvolveu deram local a novas ações revolucionárias após a fracassada revolução francesa. A burguesía era a dona do mundo ocidental, embora diferenciando entre alta e pequena burguesía. O número de trabalhadores industriais tinha aumentado e com ele a resistência à ordem social imposto pelos burgueses. A história europeia do século XIX é um jogo de alianças e confrontos entre burgueses e operários, que se unem contra a monarquia para desbancarla do poder e impulsionar uma libertação econômica, mas que se enfrentam quando os artesãos exigem reformas democráticas. A 2ª metade do século XIX começa com o falhanço das revoluções de 1848, nas que confluíram os avanços do liberalismo, do nacionalismo e as lutas sociais. Ao acabar no século XIX muitos estados europeus desenvolvia constituições que consolidavam mudanças políticos democráticos. Nas primeiras décadas da 2ª metade do século XIX os avanços da industrialización acrescentaram as diferenças entre os países da Europa oriental e mediterrânea com os países industrializados. Para 1870 produziu-se a segunda revolução industrial. Os novos ramos industriais impulsionam a concentração de capitais e o aparecimento de grandes empresas, bem como o protagonismo crescente da banca. Os avanços da industrialización foram fruto de um estreito relacionamento entre o desenvolvimento científico e o tecnológico. Culturalmente, a mentalidade predominante é o positivismo. A humanidade encontra-se em seu grau máximo de desenvolvimento graças ao pensamento positivo e à ciência. O evolucionismo defendido por Darwin ofereceu uma explicação científica à consciência de mudança. A ampliação ao ser humano dos princípios evolucionistas deu local ao darwinismo social de Spencer, que legitimava a doutrina do liberalismo econômico. Na 2ª metade de século aparece um sentido individualista do destino humano (o indivíduo tem um valor absoluto à margem da sociedade interessada na riqueza ou o poder político). Freud criticou a sociedade que impunha proibições que impediam viver de um modo equilibrado e empurravam aos indivíduos à neurosis. A mentalidade positivista encontrou seu reflexo no realismo (arte). Mas também se manifesta na arte a crítica individualista à sociedade decadente. É a época das vanguardas, de um modo de vida bohemio. O impressionismo que protagonizou as últimas décadas do século pretendia ser fiel à natureza (Renoir, Monet, Degas,…). Em ciência não é alheia à consciência de crise da época. A unificação da Alemanha: Prusia e Áustria dividiam o território alemães após as guerras contra Napoleón. A unificação foi promovida por Bismarck. Em 1867 criou-se a Confederação Alemã do Norte. Aprovou-se uma Constituição que dava uma estrutura federal a esta união, presidida por Guillermo I de Prusia com Bismarck como chanceler. A vitória prusiana contra França em Sedán em 1870 destruiu ao exército de Luis Napoleón e criou o Segundo Império, que incorporou aos Estados do sul. Bismarck reunificó aos 13 estados, exceto Áustria. O mapa político europeu tinha-se modificado. Alemanha converteu-se na grande potência continental, enquanto Grã-Bretanha dedicava-se a sua expansão colonial. O rígido estado alemão formou a uma classe eficiente de servidores públicos e cidadãos honestos. A filosofia alemã da 2ª metade de século lançou-se à tarefa de salvar ao indivíduo defendendo a criatividade e a liberdade. Nem o idealismo nem o positivismo eram capazes de compreender a vida humana. Dilthey propôs a necessidade de diferenciar as ciências naturais e as ciências do espírito. Cabe destacar na filosofia alemã a Hegel, quem concebia a totalidade do real como sujeito; e a outro como Schopenhauer ou Marx.

Influências e repercussões:

As influências remontam-se ao período clássico com nomes como Homero, Heráclito, Demócrito... e os grandes trágicos gregos Esquilo, Sófocles e Eurípides. São influências indiretas de Nietzsche todos os filósofos presocráticos por sentir a vida tal e como é. Também nesse período critica a Sócrates a Platón.

Influências mais próximas são de linha idealista como Kant e projetos ilustrados que culminam em Hegel, que farão de Nietzsche um verdadeiro irracionalista.

Mas sem dúvida a influência mais direta em Nietzsche são Arthur Schopenhauer e Richard Wagner. De Schopenhauer adotará a visão do mundo como vontade de existir, a inteligência como algo dirigido pelos instintos, a desconfiança para o poder do progresso e a importância da arte como poder de descoberta da realidade. De Wagner tomará a liberdade que expressa na música em frente aos clássicos valores cristãos até que o próprio músico os abandona e Nietzsche muda sua opinião para ele.

Como repercussões do autor no século XX aparecem interpretações em diferentes âmbitos; em estética predomina Stephan George com a idéia de Dionisos como símbolo da vida. Em política valoriza-se a idéia de vontade de poder baseando na luta como o mais humano. Também surgem diversas interpretações como o nacional-socialismo e as ideologias de esquerdas mais radicais. Por último a interpretação existencialista de Karl Jaspers e Martín Heidegger:

Jaspers escreve um livro no que faz uma tentativa de compreender a Nietzsche, mas sem interpretar sua doutrina, tentando introduzir em sua visão, pelo contrário, Heidegger afirma que Nietzsche não entendeu o nihilismo que ele mesmo proclamava.

Outras repercussões misturam a Nietzsche com Kant (G. Simmel), ou com a fenomenología (Max Scheler). Habbermas, Bertrand Russel, Enfeito e outros fazem do pensamento nitzscheano uma visão sociológica. Cabe destacar em Espanha a Fernando Savater com seu livro “Cria de Nietzsche”, que acerca ao autor ao público.

O pensamento de Nietzsche deu local muitas interpretações, embora não seja sempre positivas ou aceitadas, mas não abrangeram só o terreno da filosofia senão a toda a cultura de modo geral.

Verdade E Mentira No Sentido Extramoral pdf:
imediata.org/asav/nietzsche_verdade_mentira.pdf

Considerações Extemporâneas

É fundamental compreender a importância do indivíduo tentar esquecer o passado, no entanto, sem
tornar-se aquele que enterra o presente, mas deve buscar transformar sempre as coisas passadas e curar as feridas e as perdas e reconstruir as formas destruídas. Pode-se dizer que todo ser humano pode ser sadio forte e fecundo no interior de um horizonte determinado.
O saber e a sensibilidade histórica de um indivíduo pode ser estimulada ao invés de permanecer limitada. Segundo o autor, é importante o desenvolvimento do pensamento no sentido de aguçar a reflexão e meditar aproximar o indivíduo do elemento a-histórico, e assim receber uma iluminação para utilizar o passado em beneficio da vida, assim refazer a história tendo por base os acontecimentos históricos passados.
É necessário compreender que a falta de uma maior sensibilidade em relação as coisas ao seu redor permite ao homem viver em um mundo sem perspectivas de vida. Entretanto, o despertar para a percepção contribui para modificar os conhecimentos históricos, assim, os homens pensam e agem de maneira a-histórica, não sabem o quanto a sua atividade de historiador é responsável pelo seu próprio comando e pela vida e não pela pura busca do conhecimento.
Na realidade se tomarmos a história como ciência pura e soberana, ela seria para a humanidade uma espécie de conclusão e balanço da existência. A cultura histórica é portadora do futuro histórico no caminho de uma nova e poderosa corrente de vida.
Entende-se que a história à medida que está a serviço da vida, está a serviço de uma força a-histórica, portanto, ela não poderia nem deveria jamais se tornar, nesta hierarquia uma ciência pura, como as matemáticas. Pois o excesso de história faz degenerar a vida e coloca em perigo a própria história.
Pensar, a sensibilidade histórica tradicional de um homem ou de todo um povo é entender seu papel limitado a um horizonte restrito, sabendo ainda que a maior parte dos fenômenos lhes escapa totalmente do controle e o pouco que percebe é fragmentado. Ou seja, é uma visão que não se podem avaliar as coisas porque se atribui a todas as coisas uma importância igual e demasiadamente menor. A história tradicionalista se destrói a medida que impede a inspiração do presente.
Percebe-se que a história pode servir à vida e a toda humanidade, no sentido de que o povo precisa, segundo seus fins possuir um certo conhecimento do passado tanto sobre as formas históricas monumental, tradicionalistas como da história crítica. Para Nietzsche, o excesso de história é nocivo para a vida, pois enfraquece a personalidade uma vez que incentiva imaginar que o homem possui uma virtude rara e uma justiça em grau elevado do que qualquer outra época. Assim, perturba os instintos e impede o amadurecimento tanto dos cidadãos como da população e ainda implanta a crença da velhice da humanidade. O que significa uma época desrespeitar a outra numa clara evidência de egoísmo destruindo os valores das sociedades.
Daí, no amontoado de conhecimentos o indivíduo torna-se confuso e não alimenta a vida e a cultura histórica dos críticos impedem que uma obra produza seu verdadeiro efeito sobre a vida e sobre as ações.
Compreende-se que as abordagens do autor pretende mostrar a importância da cultura e do conhecimento no sentido de apreender a cultura histórica dos povos percebendo que os vícios e suas virtudes atrofiadas poderão prejudicar os conhecimentos do povo. Vale ressaltar que a nova geração de jovens corajosos abrirá o caminho para uma cultura e uma humanidade mais feliz, sem ter, desta beleza e desta felicidade senão um pressentimento de promessas. Assim, a juventude sofrerá o mal deste remédio, mas, sobretudo poderá se gabar de possuir uma saúde mental mais vigorosa do que as gerações anteriores. No entanto, sua missão será abalar as estruturas das idéias que esta época tem sobre a cultura e a saúde e desestruturar os monstros híbridos do pensamento.
Segundo Nietzsche, a autêntica cultura, por mais que esta venha prejudicar gravemente é a forma de cultura que merece consideração; por mais que venha a precipitar a queda de toda uma cultura que tenha um caráter puramente decorativo, a objetividade histórica compreende um estado de espírito que permite ao historiador examinar um acontecimento em todos os seus motivos de maneira pura.

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Consideração intempestiva da utilidade e desvantagem da história para vida.
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Considerações Extemporâneas pdf.
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Hymnus an das Leben

O Hino à Vida ( alemão : Hymnus uma das Leben) é uma composição musical para mista coro e

orquestra pelo alemão filósofo Friedrich Nietzsche .

Muitas vezes considerado idiossincrático para um filósofo, Nietzsche sentiu que sua música desempenhava um papel na compreensão de seu pensamento filosófico. Ele particularmente aplicou esta ideia hino à vida. Ele também usou a melodia da canção no Hino à Amizade para piano, que ele uma vez realizado no Bayreuth para Wagner e sua esposa. Isto, de acordo com Cosima Wagner, conduziu ao primeiro sinal de uma ruptura com seu amigo Richard, em 1874. Apesar das idéias de Nietzsche sobre sua música, foi considerado pela maior parte como uma curiosidade biográfica, irrelevante a seu trabalho filosófico.

Origem
Nietzsche afirmou, depois de comunicar a idéia principal do Zaratustra , juntamente com um aspecto de sua Scienza Gaya , no Ecce Homo : "... que hino à vida ...- um sintoma pouco trivial da minha condição durante esse ano, quando o Sim-dizer pathos por excelência, o que eu chamo o pathos trágico, estava vivo em mim ao mais alto grau. o tempo virá quando será cantada em minha memória "(trad. Walter Kaufmann ). A composição hino à vida foi parcialmente feito por Nietzsche em Agosto e Setembro de 1882, suportado pela segunda estrofe do poema Lebensgebet por Lou Andreas-Salomé.

Em 1884, Nietzsche escreveu a Gast: "Desta vez, 'música' vai chegar até você Eu quero ter uma canção feita que também poderia ser realizada em público, a fim de seduzir as pessoas a minha filosofia.". Com este pedido, Gast reformulado Lebensgebet em amizade, e foi orquestrado por Pietro Gasti , [1] que modestamente negou qualquer referência na publicação para suas alterações para o que Nietzsche tinha feito anteriormente. (Alguns, incluindo Benjamin Moritz , sentimos que essas mudanças são significativas o suficiente para considerar a vida não é uma obra de Nietzsche, mas por Köselitz.) No verão de 1887, EW Fritzsch em Leipzig publicou o trabalho sob o nome de Nietzsche como a primeira edição, que é amizade simplesmente colocar a de Andreas-Salomé Lied e com alterações de orquestra, intitulada Hymnus uma das Leben.

Em outubro do mesmo ano, Nietzsche escreveu uma carta ao alemão condutor Felix Mottl , dizendo sobre a vida: "Eu desejo que esta peça de música pode ficar como um complemento para a palavra do filósofo, que, na forma de palavras, deve Permanecem por necessidade não claros.O efeito de minha filosofia encontra sua expressão neste hino. " O seguinte dezembro, ele escreveu a Georg Brandes uma carta na qual ele comentou: ". A obra coral e orquestral da mina está apenas a ser publicado, um hino à vida É a única composição da mina que é destinado para sobreviver e para ser cantada Um dia "na minha memória" .... "

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Friedrich Nietzsche - Hymnus an das Leben
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Aurora

Estilo aforístico: O livro Aurora segue o mesmo estilo de Humano, demasiado humano. Quando

Nietzsche entra em contato com os livros dos moralistas franceses modifica sua forma de escrever, passando a redigir seu pensamento em forma de aforismos.
Período intermediário e temas: Também conhecido como positivismo cético ou somente positivista, que vem de Humano, demasiado humano até o terceiro livro, A Gaia Ciência. É neste livro, também, que se deu início às reflexões sobre a vontade de poder, que só seriam mais amplamente tratadas em Assim Falou Zaratustra. Disserta também sobre a filosofia do espírito livre, se volta para questões relacionadas aos impulsos, instintos, pulsões e como eles se expressam. Fala sobre relação entre consciência e memória com o eu (identidade). Trata das noções de sujeito, de alma, de essência, do mundo do vir a ser. Mostra que existe uma base impulsiva para as construções morais e faz crítica ao procedimento dogmático da moral e da maneira de se fazer filosofia. Coloca os instintos como soberanos, requalificando sua condição anterior.
Abordamos, também, em linhas gerais, o que ele propõe no decorrer do livro. E para melhor entender o que está por vir em nossas reuniões, e o que vimos em nosso primeiro encontro, basta ler o posfácio na integra. Mas para que vislumbrem colocarei aqui alguns fragmentos do que foi discutido na reunião:
“Tomando a tradicional divisão da obra de Nietzsche em três períodos, este livro se inscreve no período intermediário ou “positivista”, inaugurado por Humano, demasiado humano (1878). No entanto, algo que o diferencia deste e de seus dois complementos, Opiniões e sentenças várias (1879) e O andarilho e sua sombra (1880) e que representa mais um passo na libertação da influência de Wagner e Schopenhauer, é a ênfase dada por Nietzsche á “paixão do conhecimento”. Essa nova paixão é entendida, num plano universal, como o impulso em que a humanidade mesma sacrifica-se em prol do conhecimento (cf.seções 45 e 429), algo que o autor viria a chamar de “vontade de verdade” (Além do bem e do mal, 1).”.
“A crítica da moralidade cristã, já prenunciada em Humano..., toma corpo em Aurora transforma-se mesmo em campanha e continuará sendo refinada nas obras seguintes. Para Nietzsche, a concepção cristã do mundo utiliza categorias falsas e prejudiciais á vida humana: “alma”, “pecado”, “Deus”, “vida após a morte” não passam de ilusões que pretendendo nos consolar, apenas culminam e depreciam a existência.”.
Metodologia de estudo e influências em Nietzsche: Em nossa primeira reunião tivemos um panorama geral de como funcionaram nossos encontros, tivemos também um pequeno espaço para apresentação do projeto do Grupo de Estudos Nietzsche. Expomos a metodologia que será utilizada e voltamos nossos olhos para os sérios problemas de más interpretações, más traduções e os perigos de uma leitura desinteressada da obra filosófica de Nietzsche. Além da leitura do próprio livro teremos um espaço aberto para debates.
Uma ferramenta para alcançar uma boa interpretação das obras do filósofo é o estudo genético estrutural, que se define por privilegiar o texto e seu tempo, procurando entender sua estrutura interna juntamente com o ato de situá-la no momento sócio-cultural do autor. Dito isso, se torna interessante uma abordagem do contexto histórico em que Nietzsche esteve inserido em comunhão com uma pesquisa sobre o que influenciava suas criações, seus pensamentos e leituras filosóficas, no caso de Aurora, Nietzsche mantinha estudos na área da Biologia, da Física e da Medicina, dando ênfase aos progressos científicos de sua época, além da leitura de Auguste Comte, dos Moralistas Franceses e de outros pensadores, figuras como César Bórgia e Napoleão também são citados no decorrer do livro. Tais influências contribuíram de maneira direta para um novo pensar filosófico.
Para concluir vou citar algo curioso; "As primeiras anotações do que viria a ser Aurora foram feitas no início de 1880, quando Nietzsche se achava em Riva del Garda, no Norte da Itália. Depois prosseguiram em Veneza, (...). Foi apenas em Gênova, no inverno de 1880-81, que elas tomaram forma de livro(...)". Gênova, terra de Cristóvão Colombo, fato esse digno de reflexão, pois o filósofo já havia vislumbrado a criação de um nova nova maneira de enxergar o indivíduo, maneira esta que havia sido freado pela moral por muito tempo, será que assim como Colombo não estava o próprio Nietzsche navegando em busca de novos horizontes? Novas ideias? Novas auroras?

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Aurora pdf: www.alejandriadigital.com

Aurora de Nietzsche por Martorelli Dantas
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A Gaia Ciência

A Gaia Ciência (em alemão: Die fröhliche Wissenschaft) é o último trabalho da fase positiva de
Nietzsche, aparentando-se a "Aurora" e a "Humano, Demasiado Humano" pelo estilo leve, ameno e florido em que é composto. Essa é uma das obras mais lidas do autor. Eis o seu prefácio, que apresenta o tom irônico do livro:

"Vivo em minha própria casa
Jamais imitei algo de alguém
E sempre ri de todos os mestres
Que nunca se riram de si também"

Fora publicado a 1882, sendo-lhe acrescida pelo próprio autor, cinco anos depois, um novo capítulo, escrito à mesma época de "Para Além do Bem e do Mal", com ele compartilhando o estilo austero e crítico.

A expressão "Gaia Ciência" é uma alusão ao nascimento da poesia européia moderna que ocorreu na Provença durante o século XII. Deriva do Provençal, a língua usada pelos trovadores da literatura medieval, em que "gai saber" ou "gaya scienza" corresponde à habilidade técnica e ao espírito livre requeridos para a escrita da poesia. Em "Para Além do Bem e do Mal" (Secção 20), Nietzsche observa que "o amor como paixão - que é a nossa especialidade europeia - foi inventada pelos poetas-cavaleiros provençais, esses seres humanos magníficos e inventivos do 'gai saber' a quem a Europa deve tantas coisas e a quem quase inteiramente se deve ela própria."

Os cinco capítulos que compõem o livro são, por sua vez, subdivididos em 383 aforismos, nos quais Nietzsche expõe seus conceitos acerca de: arte, moral, história, política, conhecimento, religião, mulheres, guerras, ilusão e verdade. É nesse livro que aparecem, pela primeira vez, suas teorias sobre o eterno retorno (formulado pelos estóicos gregos e considerado por Nietzsche como o símbolo supremo de toda afirmação da vida) e a morte de Deus (conceito com o qual Nietzsche lida com a nova fase do intelectualismo europeu do século XIX, sendo retratada no livro pelo diálogo de um louco com esclarecidos ateus - os quais representam toda a classe intelectual européia: cientistas, filósofos, eruditos e mesmo artistas - sobre o grandioso ato por eles cometido: o assassínio do Deus cristão e o subseqüente niilismo que aflorava na mente desses intelectuais, resultado de uma perda de referências gerais à vida, as quais eram representadas diretamente pelo cristianismo e sua moral).

Também é nesse livro que Nietzsche se refere, pela primeira vez, a Zaratustra, antigo profeta persa, criador da doutrina chamada zoroastrismo, tornado por Nietzsche arauto de sua filosofia, em seu livro "Assim Falou Zaratustra". Convém lembrar que também é nessa obra que o filósofo alemão realça suas diferenças ideológicas e artísticas em relação a Richard Wagner, o qual terminara sua vida ainda como seguidor de Arthur Schopenhauer.

Excertos de A Gaia Ciência

A minha felicidade

"Desde que me cansei de procurar,
aprendi a encontrar;
Desde que o vento me opõe resistência,
velejo com todos os ventos."

"A educação consiste no condicionamento de um indivíduo, através da promessa de várias compensações e vantagens, de modo a que ele adopte um modo de pensar e se comportar que, logo que se tornem um hábito, instinto ou paixão, os dominarão «para o bem geral» mas, em última instância, para sua própria desvantagem. Somos vítimas das nossas virtudes, que nos transformam numa mera função do todo social." (21)

"Muitas vezes consideramos uma ideia mais verdadeira apenas porque há qualquer coisa de muito belo e divino no ritmo e na forma métrica do seu enunciado. Não é divertido notar que os filósofos mais sérios, por mais rigorosos que sejam na sua busca da certeza, citam frequentemente as palavras dos poetas para dar às suas ideias mais força e credibilidade ? E, no entanto, é mais perigoso para uma verdade se um poeta concorda com ela do que se ele a contradiz! Porque, como dizia Homero, 'muitas mentiras contam os poetas'." (84)

"O que é a originalidade ? É ver qualquer coisa que ainda não tem nome e que, por isso, não pode ainda ser mencionada, embora esteja mesmo à frente dos olhos de toda a gente. A maioria das pessoas não consegue ver aquilo que não tem um nome. As pessoas originais são as que já deram (ou têm capacidade para dar) nomes às coisas." (261)

"Um pensador é alguém que sabe como tornar as coisas mais simples do que aquilo que elas são na realidade." (189)

"Os pensamentos são as sombras dos nossos sentimentos - sempre mais escuros, mais vazios e mais simples." (179)

"O egoísmo é a lei da perspectiva aplicada aos sentimentos: o que está mais próximo parece-nos maior e mais pesado e, à medida que nos afastamos, o seu tamanho e peso diminuem." (162)

"Tabela da multiplicação. - Um está sempre errado, mas com dois, começa a surgir a verdade. Um não consegue provar o seu caso, mas dois são irrefutáveis." (260)

"Onde começa o bem e acaba o mal ? O reino da bondade começa onde a nossa imperfeita percepção deixa de notar o «impulso do mal» porque se tornou demasiado subtil; a partir desse ponto, o sentimento de que entramos no reino da bondade excita os nossos impulsos que se sentem ameaçados e limitados pelos «impulsos do mal»: os sentimentos de segurança, de conforto, de benevolência. Quanto mais imperfeita for a nossa percepção, maior será a extensão do bem. É por isso que as crianças e pessoas comuns gozam de uma eterna boa disposição e também por essa razão que os grandes pensadores sofrem sempre de uma melancolia semelhante à de uma má consciência." (53)

"Em que é que eu acredito ? Acredito que os pesos de todas as coisas têm que ser novamente determinados." (269)

"O que é ser livre ? É não termos vergonha de sermos quem somos." (275)

"Causa e efeito. Dizemos que a ciência «explica», mas, na realidade, apenas «descreve». Descrevemos hoje melhor, mas explicamos tão pouco quanto todos os nossos predecessores. Descobrimos uma sucessão múltipla onde o homem ingénuo e o investigador das civilizações mais antigas se apercebia apenas de duas coisas: 'causa' e 'efeito', como se costumava dizer. E deduzimos: isto e isto tem de se dar primeiro para que depois se siga aquilo - mas, com isso, não compreendemos absolutamente nada. Em qualquer processo químico, por exemplo, as transformações continuam, tal como antes, a aparecer como um «milagre». E como haveríamos nós de conseguir explicá-las? Operamos unicamente com coisas que não existem, com linhas, com superfícies, corpos, átomos, tempos divisíveis, espaços divisíveis! Como seria possível sequer uma explicação, se traduzimos tudo primeiro numa imagem, na nossa própria imagem! Na verdade, temos à nossa frente um continuum, de que isolamos algumas partes, da mesma maneira que, num movimento, nos apercebemos apenas de pontos isolados e, portanto, não vemos, na realidade, esse movimento, mas deduzimos que existe. Um intelecto que visse a causa e o efeito como um continuum, e não, à nossa maneira, como parcelamento e fragmentação arbitrários, que visse o curso do acontecer, repudiaria o conceito de causa e efeito e negaria toda a condicionalidade." (112)

"A origem do nosso conceito de conhecimento. Que entende o povo verdadeiramente por conhecimento? Só isto: algo de estranho deve ser transformado em algo de familiar. E para nós, os filósofos, não é a nossa necessidade de conhecimento a mesma necessidade do que é conhecido, a vontade de, no meio de tudo o que é estranho, fora do usual e duvidoso descobrir algo que já não nos perturbe? Não será o instinto do medo que nos obriga a conhecer? Quando os que buscam o conhecimento reencontram algo nas coisas, sob as coisas ou por trás das coisas, que já é muito conhecido, como, por exemplo, a tabuada, ou a lógica, ou as nossas vontades e apetites, que felizes ficam logo! Porque «o que é familiar é conhecido», e nisso estão de acordo. Mesmo os mais cuidadosos entre eles acham que o que é familiar é pelo menos mais facilmente conhecido do que o que é estranho. Erro dos erros! O que é conhecido é habitual; e o habitual é o mais difícil de 'conhecer', isto é, de ver como problema, isto é, de ver como estranho, afastado, 'fora de nós'..." (355)

"O Veneno que mata as naturezas fracas é um fortificante para as fortes..e por isso não lhe chamam veneno.."

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Café Filosófico
A gaia ciência" de Nietzsche - Túlio Madson
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A Gaia Ciência pdf:
setebreveslicoes.com.br/trechos/80195.pdf

Para Além do Bem e do Mal

Para além do bem e do mal. Prelúdio a uma filosofia do futuro (em alemão: Jenseits von Gut und
Böse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft), publicado em 1886, nasceu de reflexões e anotações de Friedrich Nietzsche, durante a composição de Assim Falou Zaratustra, e inicia uma nova fase literário-filosófica do autor, a sua fase de negação e destruição.

Além do Bem e do Mal foi escrito em um tom mais crítico e denso, contrastando com os seus livros anteriores, como "Humano, Demasiado Humano", "Aurora" e "A Gaia Ciência", os quais foram escritos em um tom de leveza e serenidade. Nietzsche considerava este livro, juntamente com "Assim Falava Zaratustra", o seu livro principal, abarcando uma maior multiplicidade de assuntos e reflexões. Assim definiu Nietzsche este livro a seu amigo Jacob Burckhardt: "Peço-lhe que leia este livro (se bem que ele diga as mesmas coisas que o meu Zaratustra, mas de uma forma diferente, muito diferente)...".

Crítica
Este livro chamara a atenção de um famoso jornalista do jornal suíço "Bund", Widmann. Seguem os comentários desse jornalista sobre o livro: "Os 'sticks' de dinamite que foram usados para a construção da via-férrea de Gouthard ostentavam uma bandeira negra para anunciar um perigo de morte. É neste sentido muito preciso que nós falamos do novo livro do filósofo Nietzsche como sendo um livro perigoso. Mas este termo não contém a menor crítica ao autor e à sua obra, da mesma forma que essa bandeirola negra não estava lá para criticar o explosivo. Longe de nós ainda a ideia de entregar o pensador solitário aos corvos e rãs da pia batismal, atraindo atenção para o caráter perigoso do seu livro. A dinamite, espiritual como material, pode servir a uma obra muito útil. Não é preciso usá-la com fins criminosos. Mas onde for colocado o 'stick' é melhor dizer claramente: 'Aqui há dinamite!...' Nietzsche é o primeiro a conhecer um novo caminho, tão assustador que sentimos realmente medo quando o vemos seguir, solitário, essa senda até agora não trilhada!..." Widmann parecia saber exatamente quais palavras que mais lisonjeariam Nietzsche, que, naturalmente, rejubilou-se com o artigo.

Estrutura
O livro consiste em 296 seções numeradas e um "EPODE", intitulado "Das Montanhas Altas". Ele é dividido em 9 partes, as quais tratam de assuntos como: a influência dos preconceitos populares no trabalho do erudito e do filósofo; a conceituação nietzscheana de liberdade e espírito livre e sua expectativa sobre a filosofia do futuro; a essência do homini religiosi, suas diversas facetas e seu comportamento frente à ciência; análise da moral corrente; análise da filosofia e da ciência da época, e da mente do erudito europeu; um ensaio sobre a condição política da Europa, a qual se afogava nas rivalidades de suas maiores potências, crítica ao nacionalismo e ao anti-semitismo (em uma das sub-seções deste ensaio, Nietzsche toca, pela última vez, no "problema" da miscigenação entre as raças européias, mostrando expectativas vagas "na criação de uma nova raça que venha a governar a Europa" - esta "raça", como aponta o texto precedente, seria resultado do caldeamento das nobrezas européias e da raça judaica, a qual estendia mais e mais seu domínio econômico sobre a Europa); retratação do que Nietzsche chamava "moral aristocrática", suas nuances e seu contraste com a moral cristã, que foi tão atacada em vários dos seus escritos. No final do livro, há um poema por ele escrito, chamado "Das altas montanhas". Este poema é também traduzido como "Do Alto dos Montes", na tradução do livro por Antonio Carlos Braga.

As seções são organizadas em nove partes:
Parte I: Dos preconceitos dos filósofos (Von den Vorurtheilen den Philosophen). (1. - 23.)
Parte II: O espírito livre (Der freie Geist). (24. - 44.)
Parte III: A essência/natureza religiosa (Das religiöse Wesen). (45. - 62)
Parte IV: Provérbios e interlúdios (Sprüche und Zwischenspiel). (63. - 185.)
Parte V: Pela história natural da moral (Zur Naturgeschichte der Moral). (186. - 203)
Parte VI: Nós, doutos (Wir Gelehrten). (204. - 213)
Parte VII: Nossas virtudes (Unsere Tugenden). (214. - 239.)
Parte VIII: Povos e pátrias (Völker und Vaterländer). (240. - 256.)
Parte IX: O que é aristocrático? (was ist vornehm?). (257. - 296.)

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FRIEDRICH NIETZSCHE I "Além do Bem e do Mal" (Human, All Too Human) I Documentário
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Para Além do Bem e do Mal pdf.
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Genealogia da Moral

Genealogia da Moral, uma Polêmica (no original em alemão: Zur Genealogie der Moral: Eine
Streitschrift) é o nome de uma obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, publicada em 1887, que complementa e clarifica uma obra anterior, Para Além do Bem e do Mal.

Visão geral
A Genealogia da Moral tece uma crítica à moral vigente a partir do estudo da origem dos princípios morais que regem o Ocidente desde Sócrates.

Nietzsche é contra todo tipo de razão lógica e científica aplicados sobre a moral, e por isso leva a cabo uma crítica feroz à razão especulativa e a toda a cultura ocidental em todas as suas manifestações: religião, moral, filosofia, ciência e arte, por exemplo


A obra pretende responder às perguntas que o próprio autor coloca no prólogo: Em quais condições o homem inventou os juízos de valor expressos nas palavras bem e mal e que valor possuem tais juízos? Estimularam ou barraram o desenvolvimento até hoje? São signos de indigência, de empobrecimento, de degeneração da vida?

Tratados
É digno de nota o caráter sistemático desta obra, já que Nietzsche costuma escrever em forma de aforismos breves, poéticos, metafóricos e pouco organizados, dado seu antagonismo ao pensamento conceitual, que é incapaz de captar a realidade em incessante devir. O homem deve seguir seus instintos e abandonar um pouco a razão, se não fizermos isso nos tornamos covardes perante a vida O autor distingue duas classes: a dos senhores e a dos escravos. A classe senhorial divide-se em guerreira e sacerdotal, que são, respectivamente, aristocrática e sacerdotalmente. A classe sacerdotal deriva da primeira, e define-se pela impotência, inventando assim o espírito, enquanto que a classe guerreira pratica as virtudes do corpo.

As duas classes são rivais. Desta rivalidade surgem duas morais: a dos senhores e a dos escravos, já que a casta sacerdotal mobiliza os escravos (os débeis e enfermos) contra os guerreiros, que são a classe dominante. Esta mobilização é possível pela inversão dos valores aristocráticos, criando uma moral escrava, que tem início com o povo judeu, e é herdada e assumida pelo cristianismo. Somente desta maneira o sacerdote consegue triunfar sobre o guerreiro.

A Genealogia... constitui-se de três tratados:
Bom e mau: expõe uma psicologia do cristianismo, onde é realizada uma análise do surgimento do espírito de ressentimento contra dos valores naturais e nobres. Tal análise é um primeiro passo para a transvaloração de todos os valores;
Culpa, má consciência e afins: nele encontra-se uma psicologia da consciência. O ateísmo consiste em não possuir dívidas com os deuses: uma segunda inocência. A crueldade aparece como um dos mais antigos recursos da cultura;
O que significa o ascetismo?: o ascetismo é uma crueldade para consigo mesmo e para com os demais. Até hoje não houve sobre a Terra nada mais do que um ideal ascético, mas, agora, há um novo ideal: o super-homem.
Nestes tratados encontramos parte dos pilares recorrentes em toda a filosofia nietzchiana: valoração, crítica e genealogia dos valores. É um mergulho no ser humano como ser histórico. Investiga a evolução dos conceitos morais desmascarando todo o existente, descobrindo que o homem nada mais é do que um ser instintivo, negando assim o significado do transcendente. A essência do método é explicar tudo pelo seu contrário, mostrando assim sua verdadeira realidade. Nietzsche recorre à genealogia dos conceitos e à etimologia das palavras: saber o significado das palavras e conhecer a história de sua evolução é a única forma de penetrar na fonte de onde brotam a moral e os valores.

Dois conceitos de valoração diferentes: a valoração aristocrática (bom, mal); a valoração sacerdotal promove, a partir de sua impotência e ressentimento, uma transvaloração: converte em bom o que antes era mal e em ruim o que antes era bom.

Vontade e poder não podem separar-se. A vontade de poder é um querer dominar, um querer afirmar-se e superar-se. Força e exteriorização da força são uma e a mesma coisa, mas a moral do ressentimento diz que o forte é livre para exteriorizar sua força ou não: e, quando a exterioriza, é ruim.

Os débeis, segundo o autor, escolheram tal condição: assim ocultam sua impotência com a máscara do mérito. Deste modo, imperam a falsificação, a vingança dos impotentes contra os nobres. Transformam a impotência em bondade, a baixeza em humildade, a covardia em paciência. Dizem que sua miséria é uma prova, uma bem-aventurança, uma eleição. Introduzem a idéia de culpa, mas eles mesmos são inocentes. Sua obra-prima é a idéia de justiça: eles são os justos e odeiam a injustiça. Sua esperança de vingança é a vitória do deus justo sobre os ateus. Esperam uma justiça de outro mundo no juízo final.

Nietzsche critica a moral como uma contra natureza, que é a moral da tradição cristã e socrática; a moral platônico-socrática; a ideia de uma ordem moral do mundo; e que nega a vida, justificando-se em deus.
Tais aspectos da moral são, para o autor, um passo da humanidade para trás.

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Crítica de Nietzsche à Moral │Clóvis de Barros Filho
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Genealogia da Moral por: Ayla Silva
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Genealogia da Moral pdf.
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Crepúsculo dos Ídolos

Crepúsculo dos Ídolos, ou Como Filosofar com o Martelo (no original em alemão: Götzen-
Dämmerung oder Wie man mit dem Hammer philosophirt) foi a penúltima obra do filósofo alemão Nietzsche, escrita e impressa em 1888, pouco antes de o filósofo perder a razão. O próprio Nietzsche a caracterizou - numa das cartas acrescentadas em apêndice a esta edição - como um aperitivo, destinado a "abrir o apetite" dos leitores para a sua filosofia. Trata-se de uma síntese e introdução a toda a sua obra, e ao mesmo tempo uma "declaração de guerra". É com espírito guerreiro que ele se lança contra os "ídolos", as ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as idéias e tendências modernas e seus representantes. De tão variados e abrangentes, esses ataques compõem um mosaico dos temas e atitudes do autor: o perspectivismo, o aristocratismo, o realismo ante a sexualidade, o materialismo, a abordagem psicológica de artistas e pensadores, o antigermanismo, a misoginia. O título é uma paródia do título de uma opera de Wagner, Crepúsculo dos deuses. No subtítulo, a palavra "martelo" deve ser entendida como marreta, para destroçar os ídolos, e também como diapasão, para, ao tocar as estátuas dos ídolos, comprovar que são ocos.

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Nietzche e a Filosofia do Martelo - Cloves de Barros Filho
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Crepúsculo dos Ídolos pdf.
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O Anticristo

O Anticristo (em alemão: Der Antichrist) é um livro do autor alemão Friedrich Nietzsche, escrito em
1888 e publicado em 1895. É considerado uma das mais ácidas críticas de Nietzsche ao cristianismo, célebre pela frase: "O Evangelho morreu na cruz". Seu título original em alemão, Der Antichrist, pode significar tanto "O Anticristo" quanto "O Anti-cristão". Ele não se baseou na figura bíblica do Anticristo.

Nietzsche foca sua crítica na religião cristã. Ele faz diversos ataques tentando mostrar uma suposta deturpação por Paulo de Tarso e pelo catolicismo. Não obstante, critica também Lutero, sobre o qual afirma ter perdido a grande oportunidade de evitar a decadência alemã.

Sobre o budismo, ele afirma ser a religião do nada, na figura de Buda, o que se abdicou de tudo o que era humano. Contudo, ele predica que o budismo é ruim, mas afirma que o cristianismo é um mal ainda pior, pois tenta elevar os chandala (termo hinduísta para designar a pária, casta inferior).

Nietzsche faz uma comparação entre os livros sagrados cristãos, e o Código de Manu, de origem brâmane. Considerando, o segundo, demasiado superior e que: "esta sim pode ser considerada uma filosofia".

Dentre as outras citações que faz em seu livro destacamos, positivamente para Fiódor Dostoiévski e Goethe e depreciativamente para Kant e os já aponta.

Ele afirma em seu prólogo:

"Este livro pertence aos homens mais raros. Talvez nenhum deles sequer esteja vivo. É possível que se encontrem entre aqueles que compreendem o meu “Zaratustra”: como eu poderia misturar−me àqueles aos quais se presta ouvidos atualmente? – Somente os dias vindouros me pertencem. Alguns homens nascem póstumos."

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Como Compreender o Livro: O Anticristo de Nietzsche.
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O Anticristo - LusoSofia
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Ecce homo (livro)

Ecce homo (em alemão: Ecce homo. Wie man wird, was man ist) é uma das obras mais controversas
de Nietzsche, publicada em meio ao agravamento de sua doença e transtorno mental.
A intenção de Nietzsche ao deixar esta última obra, pelas suas próprias palavras, era de não ser confundido ou mal compreendido. Tinha receio de ser "santificado" ou idolatrado e, por isso mesmo, deixou claro que não era nem santo (cita-se: "Eu sou um aprendiz do filósofo Dionísio, e faço mais gosto em ser tomado como sátiro do que santo.") e que não desejava ser imitado e sim ser tomado como modelo (como já citado em A Gaia Ciência).
Neste livro ele não economiza palavras para citar grandes autores (muito ou pouco conhecidos). Explica o momento de vida no qual publicou cada uma de suas obras, dando, inclusive, em alguns casos, uma sinopse dos escritos.
Elogia, inclusive, aquela que considera como obra máxima, não apenas sua, mas de toda a Humanidade: Assim Falou Zaratustra. Antes de sua profunda enfermidade, fez questão de saber que seu livro havia sido publicado e traduzido.

O Livro em pdf: http://www.lusosofia.net/textos/nietzsche_friedrich_ecce_homo.pdf

O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música

O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (em alemão: Die Geburt der Tragödie aus dem
Geiste der Musik, 1872) foi o primeiro título dado por Nietzsche à sua obra também conhecida simplesmente por O Nascimento da Tragédia. Em 1886 seria reeditada com o título O Nascimento da Tragédia, ou helenismo e pessimismo (Die Geburt der Tragödie, Oder: Griechentum und Pessimismus) que, conforme as traduções, se reverte também como O Nascimento da Tragédia ou Mundo Grego e Pessimismo. Esta última edição viria acrescentada de um Ensaio de Autocrítica que fazia parte duma iniciativa de Nietzsche de prefaciar novamente todas as suas obras já editadas.

Introdução à Leitura
A compreensão da filosofia de Nietzsche deve sempre ter em atenção que este filósofo nunca pertenceu aos círculos académicos da filosofia institucional. Não há razões para crermos que não o desejou, pelo menos ao princípio, mas o seu afastamento de Wagner afastá-lo-ía das correntes institucionalizadas da Alemanha. Num segundo momento, devemos reter que as suas preocupações começaram por ser religiosas. A sua especulação neste domínio vem de tenra idade, fruto de certas fatalidades que acometiam a sua família. Finalmente, tome-se nota de que Nietzsche não tinha formação filosófica. Os seus estudos compreendiam a teologia e a filologia. Por outro lado, foram precisamente os estudos teológicos e os filológicos que o colocaram frente a frente com os autores da Filosofia. Nesta medida, as suas influências são naturalmente clássicas. São os filósofos da antiguidade que o tocam e primeiramente o movem. Podemos confirmá-lo quer em O Livro do Filósofo, Introdução Teorética sobre a Verdade e a Mentira, quer em A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos, bem como nos seus escritos desta fase marcada pela leitura de Schopenhauer, pela amizade de Wagner e pelo vivo interesse pelas ciências.

Assim delimita-se habitualmente a época de influência e o período em que vigora a compreensão vigente em O Nascimento da Tragédia entre os anos de 1865 e 1875. Este período denota sobretudo a influência dos antigos, mas numa combinação frutífera e explosiva com as novas produções da cultura germânica via Wagner, Schopenhauer e Darwin. A leitura que Nietzsche faz começa normalmente por ser efusiva (salvo raras excepções, como por exemplo Hartmann), derivando na destruição e rejeição dos princípios de cada autor. Contudo, este era o próprio método que usava, preparando a criação a partir da destruição. Este método identifica-se com a noção de ironia socrática, tal como Kierkegaard a dissecou. Trata-se de uma concepção tal que exige a destruição dos pressupostos estabelecidos de modo a aplanar terreno de lançamento de novos fundamentos cognitivos.


Num primeiro momento, o acto de educar deve elidir as velhas estruturas cognitivas. As dificuldades em analisar este processo prendem-se com a característica do método. Se Sócrates jamais afirmava alguma coisa, Nietzsche parecia defrontar-se com a dificuldade de encontrar uma linguagem nova que não o envolvesse de novo na penumbra da tradição que considerava obsoleta.

Estrutura da obra
A obra "O Nascimento da Tragédia" está divida em seis grandes partes. A primeira parte, que intitulamos, com base no texto mesmo de Nietzsche em "1. Os princípios artísticos: o apolíneo e o dionisíaco", essa parte é constituída pelas seis primeiras seções da obra, que possuem 25 no total. A segunda parte, que trata efetivamente do "2. A origem da tragédia grega", entre as seções de sete a dez. A terceira parte, intitulada "3. A tragédia ática: Eurípedes e Sócrates", está contida nas seções de onze a quinze. A quarta parte, trata de "4. O insaciável conhecimento otimista e a necessidade trágica da arte", ela está contida entre as seções dezesseis e dezenove. Depois, vem a quinta parte, onde acredita-se que deu origem, para Martin Heidegger pensar seu tema da origem da obra de arte, visto que Nietzsche trata de "5. O fenômeno do efeito de uma verdadeira tragédia musical", nas seções de vinte a vinte e dois. Por fim, na sexta e última parte, está contida "6. O mito como unidade de um movimento cultural", nas três últimas seções, de vinte e três a vinte e cinco. Esta obra apresenta uma dificuldade muitíssimo grande, o locus dos temas.

Embora tenha-se acreditado ter estruturado os temas principais, as partes fundamentais da obra, resta ainda uma outra dificuldade de igual calibre, ou talvez, ainda maior: determinar o tema principal de cada seção, pois cada uma delas apresenta mais de um desenvolvimento. Visto que efetuamos essa dissecação da obra de Nietzsche. Se tomarmos cada uma delas em separado, verifica-se que é possível encontrar argumentos que diz ser uma obra também fragmentária, mas devido ao modo como o texto é elaborado, com poucas divisões numéricas, é sim, com grande força de argumentação, uma obra, talvez a menos fragmentária ao lado de A Genealogia da Moral (1887).

Isso pode ser verificado se tomarmos a interpretação dos filósofos portugueses Manuel Tavares e Manuel Ferro em "A Origem da Tragédia de Nietzsche: a época e influência, os grandes temas nietzschianos, sínteses e propostas de trabalho", pela Editora Presença, Lisboa, 1995. Temos então, em rápido sumário: 1. Os princípios artísticos: o apolíneo e o dionisíaco: 1§ O mundo do sonho e da embriaguez (1.1 Apolo e Dioniso; 1.2 ; 2§ Descrição da evolução da cultura grega; 3§ A tragédia antiga como síntese das pulsões dionisíaca e apolínea; 4§ Da superação do princípio de individuação; 5§ Gênese da tragédia ática: Homero e Arquíloco; 6§ O domínio da música pela palavra e o domínio da palavra pela música; 2. A origem da tragédia grega: 7§ Da origem da tragédia grega; 8§ O sátiro representa a aspiração do grego; 9§ A linguagem de Sófocles; 10§ Objeto da tragédia grega: a paixão de Dionísio; 3. A tragédia ática: Eurípedes e Sócrates: 11§ A morte das artes da antiguidade; 12§ A duplicidade na tragédia grega; 13§ As profundas afinidades entre Eurípedes e Sócrates; 14§ Sócrates recusa os abismos dionisíacos; 15§ A influência socrática na história do pensamento ocidental; 4. O insaciável conhecimento otimista e a necessidade trágica da arte: 16§ Entre o otimismo do conhecimento e a aspiração a uma arte trágica indispensável; 17§ O verdadeiro alcance do mito trágico; 18§ A tríplice ilusão da vontade socrática; 19§ A cultura socrática como cultura de ópera; 20§ A recuperação do espírito grego: Goethe, Schiller e Winckelmann; 5. O fenômeno do efeito de uma verdadeira tragédia musical: 21§ A necessidade de voltar aos gregos; 22§ A dupla essência da tragédia; 6. O mito como unidade de um movimento cultural: 23§ A compreensão do espectador estético; 24§ A aliança entre Apolo e Dionísio; 25§ Da inseparabilidade entre música e mito.

Figuras do Nascimento da Tragédia
O Nascimento da Tragédia, no computo geral da produção de figuras filosóficas nietzscheanas, representa um momento decisivo da filosofia de Nietzsche: o aparecimento de Dionísio. Como se viria a tornar comum na sua filosofia, Dionísio surge numa dialéctica de movimentos e velocidades típicos de uma luta, neste caso, face a Apolo.

A obra foi publicada quando o seu autor tinha vinte e sete anos. Uma das razões que pronunciaram a sua estrutura e edição, foi a fundamentação teórica e académica (Nietzsche era já professor universitário) da ópera wagneriana enquanto obra total. Num segundo momento, o jovem autor desejava publicar a sua exaltação pelas teorias d'O mundo como vontade e representação, de Schopenhauer. Esta influência de matriz neokantiana dava-lhe o ensejo de esboçar uma metafísica próxima de uma dualidade fenómeno, coisa em si.

Esta contextualização ajuda-nos a projectar a totalidade do significado estético e metafísico desta obra, expresso nas figuras de Dionísio e Apolo, ou nos génios Apolíneo e Dionisíaco, a partir dum pano de fundo marcado pelo romantismo filosófico.


Apolo
Apolo é apresentado por Nietzsche como o deus do sonho, das formas, das regras, das medidas, dos limites individuais. O apolíneo é a aparência, a individualidade, o jogo das figuras bem delineadas.

Apolo representa domínio da imagem, da metáfora, isto é, da dissimulação. Esta categorização identifica a conceptualização com a aparência. Mas Apolo representa também o equilíbrio, a moderação dos sentidos e, num certo sentido, a própria civilidade, ou melhor, o modo como esta é ordinariamente compreendida.

Dionísio
Dionísio é apresentado como o gênio ou impulso do exagero, da fruição, da embriaguez extática, do sentido místico do Universo, da libertação dos instintos. É o deus do vinho, da dança, da música e ao qual as representações de tragédias eram dedicadas. Dionísio representa, portanto, o irracional, a quebra das barreiras impostas pela civilização, à dissolução dos limites dos indivíduos e o eterno devirem.

Dionísio é o princípio metafísico do ser que é assim, paradoxalmente, compreendido como eterno fluir.

Fenómeno Estético
Nas palavras de Nietzsche, só como fenômeno estético se vê legitimada a existência do mundo. Esta pequena frase é apresentada, 14 anos após a primeira impressão, como a frase chave, a ideia central d'O Nascimento da Tragédia. Com ela, o mundo era reduzido a um fenómeno estético, sem fim, portanto, segundo os cânones neokantianos. A moral, destituído o mundo de um telos, ficava sem lugar num Universo que seguia o seu caminho ao sabor da própria luta interna de si mesmo consigo próprio. Este estudo que pretendia apresentar-se como um texto filológico, científico, saltava os seus limites e expressava-se numa linguagem filosófica e metafísica. Nietzsche viria mais tarde a ser um soldado contra a metafísica, mas no início da sua produção escrita, ele usa com pretextos filológicos teses metafísicas. Em termos académicos, os seus textos seriam atacados. Mas as teses que ele aqui delineia viriam a manter-se nele e mais tarde a implodir. Deste modo, é possível encontrar alguma continuidade entre esta primeira obra editada e as seguintes, ainda que estas se projectem bastante mais longe.

A Tragédia
A tragédia, desde a sua dramatização inicial e até Eurípedes é compreendida por Nietzsche como o género artístico que melhor exprime os dois instintos dionísiaco e apolíneo. A tese exposta apresenta a tragédia como surgindo do coro trágico. Esta tese, comumente partilhada pela comunidade filológica da época, embora apresentado alguns detalhes de debate, não oferecia resistência ao leitor esclarecido que, naquele tempo, lia obras deste género. A história da escola de Cambridge tende para esta mesma opinião.

A polêmica estabelecia-se não relativamente à tese do nascimento da tragédia a partir do coro, mas na interpretação que Nietzsche fazia dessa asserção. A música e o êxtase, associados no Ditirambo teriam a capacidade de quebrar com a regência das estruturas do logos. Esta interpretação resultaria em posições completamente contrárias à tradição filológica.

Rompimento
Contrariando toda uma tradição que avaliava a cultura helênica pela sua qualidade harmoniosa, Nietzsche sublinha a necessidade dos gregos, e de qualquer grande cultura em geral, de romper com o cotidiano, com as regras estabelecidas pela civilização. Deste modo sugeria um lugar fundamental para o elemento irracional do humano como impulso dissolvente da rigidez normativa e gênio de anulação da individualidade (impulso dionisíaco).

A atitude de Nietzsche parece destacar o instinto dionisíaco relativamente ao elemento apolíneo. Contudo, no final da obra ele hesita em atribuir uma prevalência ou em reconhecer uma predominância. Nem um domina o outro, nem um deve substituir o outro. O instinto dionisíaco foi descurado durante dezenas de séculos, mas a entrega total a ele equivale à destruição absoluta do indivíduo.

A tragédia é o desenvolvimento desse elemento na medida da ruptura e desproporção possível. No anfiteatro, o heleno dissolvia-se na plateia, era um com todos e com o Universo no espírito do mito trágico representado.

Assim, ela é precisamente uma representação em que esta característica de representar não se apresenta, pois que o indivíduo, ao dissolver-se com o todo no espírito dionisíaco, rompe com as barreiras da individuação e com a racionalidade, sendo tomado pelo próprio mito, vivendo o que o herói vive. Mas como representação que é, mantém o indivíduo na sua individualidade, resgatando-o para a civilização no final da actuação.

Esta conceptualização, de matriz marcadamente schopenhaueriana, vai mais longe e elege a música como meio pelo qual os Gregos conseguiram esse distanciamento face às suas grandes produções culturais e civilizacionais.

Fundo Original
Nietzsche defendia que, no coro trágico/ditirambico, o público era acometido por uma transmissão sem comunicação, isto é, por uma espécie de comunicação sem dúvida em que não existe mediação conceptual. O enredo perde a sua primazia face ao elemento estático e o público funde-se no todo.

Esta conceptualização de Nietzsche sobre o processo místico (de fusão com o todo), equivale, na verdade, à sua teoria estética. Para ele é nesse momento que se exprime o estético, expressão para além dos fenômenos e do racional, sem mediação cognitiva ou conceptual. Contrariamente ao elemento apolíneo (plástico), consagrado às formas, à harmonia e à prevalência da imagem (conceito, juízo, estrutura, método, beleza, valor), o elemento dionisíaco destaca-se precisamente pela diluição da imagem e na absorção pelo fundo primordial. O músico dionisíaco era, deste modo, destituído dos limites identitários, ficando ele próprio sem imagens: um sofrimento puro e primordial num estado de abnegação mística (dos limites do indivíduo) e de unidade (com o todo).

Esta teorização, simultaneamente uma metafísica da música e uma teoria da linguagem afirma, para desolação de toda a comunidade académica, que não é a linguagem nem o conceito que explicam ou penetram na verdadeira essência das coisas. A linguagem fica a milhas de conseguir justificar a existência. É neste sentido que O Nascimento da Tragédia deve ser lido em intertextualidade com outros escritos da mesma fase produtiva, como por exemplo o pequeno ensaio Acerca da Verdade e da Mentira em Sentido Extramoral (Über Wahrheit und Lüge im aussermoralischen Sinne).

Este fundo original de que falamos é, para Nietzsche, inacessível a qualquer forma de nomeação. O discurso racional não o toca, não o descreve, não o concebe. A aparente contradição de Nietzsche discorrer sobre algo que é inominável não é sequer aflorada pelas suas considerações. Contudo, o facto de a obra proceder, de facto, aforisticamente, uma vez que procede à asserção de teses e à descrição, mas não à sua prova, complica o debate neste particular. De facto, o fundo original escapa a qualquer modelo racional, mas isso não significa que não se possa viver uma experiência mística. Assim, Nietzsche procede à teorização do mundo e do seu fundo original, sem proceder à sua prova, mas apenas indicando as suas manifestações. Seja como for, a polémica em volta deste aspecto permanece ainda hoje como tópico fundamental em qualquer estudo sobre a obra de Nietzsche.

O Sofrimento Original
Nietzsche interessou-se sempre por encontrar um ponto seguro por onde justificar a existência do mundo e dos indivíduos. A polémica em torno do argumento nihilista em Nietzsche defronta-se constantemente com esta dialéctica. Ocupa-se permanentemente em destruir ídolos e deuses, crenças e convicções, ao mesmo tempo sugere sempre o advento de um novo caminho ou a formulação duma nova valorização, segundo novas prioridades, dando a entender que de facto existe uma hierarquia fundamental de valores, mas que foram dissimulados.

A redução que se opera em O Nascimento da Tragédia afirma, por outro lado, a justificação do mundo e da existência. Ora, o mundo concebido como fenómeno estético bane a moral e qualquer crença metafísica tradicional em geral. Contudo, oferece, precisamente, uma teoria metafísica: o mundo como fenómeno estético, fundado no elemento dionisíaco, fonte da dor e do sofrimento do devir e simultaneamente do prazer extático e do reencontro com a unidade primordial; e manifestado constantemente através do fluir ininterrupto de formas e indivíduos, absorvidos por ilusões e ficções, aprisionados nos seus mundos particulares estruturados sobre imagens e metáforas da verdadeira realidade.

Esta luta permanente entre o apolíneo e o dionisíaco concede à vez a prevalência de um sobre o outro, sendo que, na origem das civilizações, em regra (mas nem sempre, pois é possível encontrar referências que levam a crer que Nietzsche concebia civilizações originalmente apolíneas), prevalecia o segundo sobre o primeiro. A partir daí, a civilização aparenta-se a um desenvolvimento do instinto apolíneo, pela difusão das crenças optimistas e morais a respeito do Universo, do Homem e de Deus. Desde Sócrates e Eurípedes, o Ocidente estruturou-se sobre princípios racionais e científicos, acreditando que o conceito acede às coisas em si e descreve fielmente a realidade. Por outro lado, a dissiminação da moral judaica, em consonância com a racionalidade dominante, originou a axiologia do bem e deu origem à religião dominante do Ocidente, o Cristianismo. A prevalência da moral judaico-cristão na Europa originou uma mentalidade assente sobre a crença de que o mundo é uma criação dum Deus absoluto, bondoso e justo.

Segundo Nietzsche esta mentalidade representa um afastamento em relação à idade trágica dos gregos em que havia um reconhecimento do fundo de sofrimento e dor do Universo. A concepção do mundo como fenómeno estético estabelece que não há um fim justo e bom, em vista do qual o devir e a existência em geral procedam. O devir é a manifestação da dor primordial da individuação, pois os indivíduos, ao existirem, encontram-se em constante confronto uns com os outros. Se no facto de um leão matar uma gazela para comer não há nenhuma consideração moral a fazer, o mesmo se passa em relação ao mundo humano das acções.

A moral é, portanto, uma criação humana, uma ilusão de perspectiva. Se ela teria sido necessária à própria perspectiva humana, segundo Nietzsche, ela chegou a um ponto tal que se tornou prejudicial. O homem já não tem coragem de ser nobre. Niezsche concebe a nobreza ao estilo romano e heleno, no sentido de senhor - que mais tarde haveria de se tornar num dos conceitos centrais da sua filosofia. O homem nobre não peca, pois que ele próprio estabelece a sua regra de conduta. Nessa medida, não se submete a qualquer regra exterior, nem, portanto, a nenhum outro. Este que agiria ao modo do herói heleno, estaria pronto para defrontar a verdadeira crueldade de existir sem medo nem arrependimento. Criaria os seus próprios deuses, tal como os helenos o fizeram, para que observassem os seus feitos, e para transpor para eles os seus defeitos, assim elevados à categoria divina. Os deuses pagãos libertam os homens ao terem, como eles, os seus defeitos.

O mundo pagão é também um mundo divino, em que cada coisa é divina, não porque está sujeita a uma avaliação moral, mas porque encontra nos deuses a sua equivalência. Mas o nobre sofre também na medida heróica. O herói não é apenas semidivino, mas também aquele que, pela sua coragem e pelo seu vigor, sofre na pele a dor de existir heroicamente. O herói é aquele que desafia os deuses, e nessa medida o homem nobre é aquele que está preparado para ser dilacerado, tal como, no mito de Zagreu, Diónisos é despedaçado pelos Titãs.

Apolíneo vs Dionisíaco
Ver artigo principal: Apolíneo e Dionisíaco
Na apresentação do apolíneo encontramos a racionalidade e a ilusão num jogo perigoso orientado para os valores da Verdade, do Belo e do Justo. Por seu lado, o dionisíaco não é simplesmente uma oposição posterior a essas tendências civilizacionais. Pelo contrário, o dionisíaco é o outro impulso fundamental que rege o devir em que sempre está em jogo o limite dos indivíduos. O dionisíaco é o instinto de força e de luta, de desequilíbrio. O desequilíbrio resulta das próprias regras do jogo em que os indivíduos estão sempre envolvidos. A vida implica um confronto entre limites individuais. Este confronto é primevo, não está regulado por qualquer vontade boa ou justa, racional ou misericordiosa.

No homem dionisíaco está viva a consciência do apolíneo como convencional, como uma ilusão da perspectiva do indivíduo. Para o homem dionisíaco, as criações apolíneas não passam de acontecimentos de superfície.

O artista apolíneo almeja a bela aparência, a boa ilusão que se encobre de o ser. Representa figuras bem delimitadas na sua individualidade, puras na sua beleza, caracterizadas pelo equilíbrio e pela harmonia. O artista apolíneo representa todos os valores tradicionalmente reconhecidos aos gregos. O criador dionisíaco exacerba a dissolução do indivíduo, a desmesura, o exagero.

São dois impulsos opostos, contraditórios. Contudo, são complementares da criação estética e universal. O dionisíaco deve poder manifestar-se apolineamente. A tragédia, bem como um certo tipo de música, são para Nietzsche a possibilidade realizada de apresentar e desenvolver a representação e exibição (apolíneo) do dionisíaco. O mito trágico deveria, assim, ser compreendido como uma espécie de representação simbólica do irrepresentável. Esta teoria mostra uma certa influência Kantiana (via teoria do sublime).

Mito trágico
O Mito trágico é, na teoria d'O Nascimento da Tragédia, uma representação simbólica ou imagética da sabedora de Sileno (ou dionisíaca). O dionisíaco manifesta-se a si próprio por intermédio de processos apolíneos (representação). O mundo dos fenómenos renega-se a si mesmo nesta representação que exibe sem conceptualizar o fundo e a dor originais.

A comunicação processa-se aqui, segundo Nietzsche, sem mediação conceptual. Não é mais o enredo que é o fulcro em questão, mas sobretudo uma transmissão tal que arrebata o indivíduo e os seus limites, dissolvendo-o no todo. Não deixa de ser interessante comparar esta teoria às formulações sociológicas ou psicológicas daqueles fenómenos em que um determinando número de indivíduos passa a agir em massa, de tal modo que cada indivíduo faz nesses casos coisas que jamais faria individualmente.

Rigor Científico, Filológico e Filosófico
O texto de Wilamowitz-Möllendorf intitulado Zukunftsphilologie considerava as posições filológicas de Nietzsche completamente arbitrárias e infundadas. A relação estabelecida entre Arquíloco e a música e a afirmação de que a música se havia desenvolvido através da tragédia são consideradas pouco objectivas e incongruentes.

Nietzsche não toma a própria defesa, sendo Erwin Rohde, seu amigo, que toma o seu partido. Contudo, o texto de Möllendorf reduziu a cientificidade do livro e nem mesmo a intervenção de Wagner (em carta aberta de 23 de junho de 1972) a restabeleceu dentro dos meios académicos, apesar da afabilidade da massa wagneriana da época.

Também do ponto de vista estritamente filosófico o estudo pecava por falta de objectividade. Embora não sendo aforístico na forma, ele é-o no conteúdo. As conclusões são afirmadas com a aparência de argumentos, quando na realidade Nietzsche omite as premissas em questão. As associações estabeleciam a época clássica dos gregos como imbuída de irracionalismo, de instintos anárquicos e selvagens, quando toda a tradição considerava a época clássica a partir dos paradigmas da harmonia, da racionalidade, da perfeição das formas, da regra e da norma. Foi assim, pelo menos até Cornford, que as afirmações históricas e culturais de Nietzsche foram vistas.

Cornford, em Da Religião à Filosofia (1957),[1] atribui a Nietzsche uma visão fora do seu tempo, capaz de compreender profundamente o irracional nos Gregos. O historiador irlandês E. R. Dodds viria, num livro chamado Os Gregos e o Irracional, a desenvolver precisamente a presença do irracional na cultura grega.

Quanto à imagem de Apolo apresentada por Nietzsche, esta também viria a ser alvo de crítica anos mais tarde, nomeadamente, de Colli. Segundo Colli, Nietzsche teria deixado de lado caracteres fundamentais do deus helénico. Apolo é também o Deus do arco e da flecha, também referenciado como o deus que mata de longe. Contudo, essa parece ser a acção isolada por Nietzsche e associada à racionalidade crescente numa cultura dominada por ilusões cristãs. As culturas que se deixam dominar pelo instinto apolíneo acabam por desabar no nihilismo, pois as suas tendências opõem-se. O conhecimento mata, não directamente, mas ao longe, tal como na tragédia grega a adivinhação, momento especificamente atribuído a Apolo, acabaria por levar, mais tarde, à concretização da tragédia adivinhada.

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O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música:
www.ebooksbrasil.org/adobeebook/tragedia.pdf